Por Fabiano Peixoto
Moradores próximos à Lagoa do Meio, popularmente conhecida como “Pinicão de Marataízes” devido ao histórico de problemas sanitários, denunciam uma grave mortandade de peixes na região. Um vídeo gravado por um dos moradores mostra uma substância semelhante ao cal sendo despejada nas águas, o que, segundo ele, estaria causando a morte dos peixes.
“Estão jogando um produto na lagoa. Olha a quantidade de peixe morto. É uma covardia! Um cal, ou sei lá o quê, que estão colocando aqui. Estão matando todos os peixes”, relata o autor do vídeo, visivelmente indignado.
Desde o início das obras de revitalização, a Lagoa do Meio tem sido alvo de denúncias constantes relacionadas à degradação ambiental. A poluição provocada por matéria orgânica proveniente de fossas sépticas, lençóis freáticos e o despejo irregular de esgoto tem impactado severamente a fauna aquática, incluindo a destruição de diversas espécies nativas com o avanço das obras.
Segundo o professor Luciano Sansão, engenheiro agrônomo e pós-graduado em gestão ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o uso de cal ou calcário pode ser uma tentativa de controlar a turbidez da água, mas um erro na dosagem pode levar à mortandade dos peixes e deve ser denunciado aos órgãos ambientais.
“O principal problema da lagoa é o excesso de nitrogênio e fósforo, resultado da presença de esgoto. Acredita-se que estejam utilizando cal para clarear a água, mas a dosagem incorreta acaba matando os peixes. A solução mais eficaz seria a remoção do esgoto, mas essa medida ainda não foi implementada e dificilmente será a pequeno prazo”, explicou o especialista.
Em setembro deste ano, o governador Renato Casagrande (PSB) esteve em Marataízes para inaugurar cinco estações de bombeamento de esgoto nos bairros Santa Tereza e Santa Rita, ambos próximos à lagoa, além de acompanhar as obras de urbanização na região. No entanto, apesar de serem vistas como um avanço, as intervenções expuseram falhas graves na gestão do esgotamento sanitário.
O prefeito Tininho Batista (PSB) priorizou a urbanização sem solucionar o problema do esgoto. As novas estações de bombeamento, inauguradas com grande alarde, sequer tiveram os motores ativados, deixando os moradores com esgoto a céu aberto e mau cheiro persistente nos bairros. Além disso, Marataízes conta com apenas uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), localizada no bairro Ilmenita, que está em condições precárias, agravando ainda mais a poluição.
Com cerca de 40 mil habitantes, a população de Marataízes continua sofrendo com a falta de saneamento básico adequado, aguardando por soluções efetivas para a crise ambiental e sanitária que assola a cidade.
Nossa equipe tentou contato com a Prefeitura de Marataízes, através do setor de comunicação para obter um posicionamento, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.
