Por Fabiano Peixoto
Neste domingo (10), cenas chocantes abalaram os moradores de Marataízes ao presenciarem o que muitos descreveram como um verdadeiro massacre ambiental na Lagoa do Meio, conhecida como “Pinicão de Marataízes.” Uma quantidade alarmante de espécies nativas, incluindo o frango-d’água — espécie protegida por lei — foi encontrada agonizando e morrendo, pintando um retrato triste da degradação ambiental na cidade. A suspeita é de envenenamento, possivelmente causado pelo despejo frequente de cal na lagoa, prática denunciada ao Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) na última sexta-feira (8). Veja vídeo abaixo.
Na sexta-feira, jornalistas documentaram uma operação envolvendo trabalhadores de uma empreiteira, que, munidos de caminhões-pipa, bombas elétricas e uma canoa, diluíam toneladas da substância em água e a despejavam na lagoa. Uma carreta carregada com toneladas de cal também foi flagrada no local. Especialistas alertam que o uso excessivo de cal se torna tóxico para a fauna aquática e representa sérios riscos de contaminação do lençol freático. Ambientalistas classificaram o ato como um potencial crime ambiental, e o MP-ES deverá avaliar, nesta segunda-feira (11), a suspensão imediata dessa prática.
A indignação entre os moradores é palpável. A mortandade de peixes comoveu a população, que vê nela mais um doloroso sintoma de envenenamento pela substância, possivelmente cal, que está sendo despejada diretamente na água, acelerando a destruição do ecossistema local.
O engenheiro agrônomo Luciano Sansão, pós-graduado em gestão ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), enfatizou o risco do uso inadequado de cal para tratar a turbidez da água. Segundo ele, além de representar um perigo imediato para as espécies locais, o cal é ainda mais devastador em um ambiente já saturado por nitrogênio e fósforo vindos do esgoto. “A verdadeira urgência é retirar o esgoto da lagoa, algo que infelizmente ainda não foi feito,” lamentou.
Luciano também alerta os moradores que possuem poços artesianos na região: “Evitem o consumo da água imediatamente.”


